Eu
odeio visitas.
Completamente: odeio visitar e odeio ser visitado, principalmente. É uma coisa
involuntária, impossível resistir; então evite me visitar. Só se rolar mui
secso selvagem, aí eu posso ponderar. Até pensar no assunto se você for me presentear com um peixe-boi ou uma
Katy Perry vestida de noiva, mas se esse não for o caso, não me visite.
Não é nada pessoal, nada de errado com você, é comigo mesmo. Eu até poderia dizer que é hereditário, aí um motivo, mas não é. Todos da minha família são bons anfitriões, simpáticos -até certo ponto-, fazem o convidado sentir-se em casa e tudo mais. Não fazem feio também visitando,
exceto, é claro, quando a minha avó passa da segunda
tacinha de vinho. :x
Daí baixa o barraco, nega! Tá... não é bem assim.
Mas e quando chegam aqueles "parentes-de-datas-especiais"? Termo designado para aquelas pessoas que tu só vê nos
natais e quando alguém morre. Aquelas tias-avós de 2º grau -que no fundo, não tem parentesco algum contigo- que ficam apertando as tuas bochechas e sempre dizendo: "Da última vez que eu te vi era desse
tamaíínho". Tipo, independente de que
se tu viu a velha faz dois anos ou dois dias, tu
sempre era "desse
tamaíínho" (com ênfase no i, por favor) da última vez que ela te viu. E aqueles primos-cunhados do inferno que te batem no ombro e largam aquelas frases básicas: "E as
namoradinhas,
hein hein?". E tu sorri,
né? Achando tudo
ótimo, claro.
Por isso eu sempre me escondo em dias de festas/jantares/visitas. Não preciso ficar sorrindo pra ninguém, fingindo achar graça das
piadas infames, ser observado
por todos (sem
exceção!) e ficar respondendo sempre as mesmas perguntas. "Como vai indo o colégio? E os
estudos? Tudo bem na escola?" Como se eles se importassem. Eu sempre quis me rebelar em um dia desses, sabe? Pular em cima da mesa e gritar que se importassem mais com o penico do
caçula e que não ficassem mais comentando, discutindo,
cochichando sobre o Guilherme, sobre o cabelo do Guilherme, o colégio do Guilherme, o jeito que o Guilherme se senta, as roupas do Guilherme, o diabo a quatro do bendito Guilherme!
Putz u.u
E além de ser muito desconfortável receber e manter os convidados em paz, sem ter um ataque de
pelanca nem nada do
gênero, o pior de tudo é se despedir.
Constrangimento básico: aquela
beijação toda, abraço pra lá,
presente pra cá, a bisa
gritando que esqueceu a dentadura e tu lá, sorrindo. Pedindo a Deus que essa cambada toda se enfie nos carros e nunca mais volte.
Ahh.. e quando acaba? \o/ Tu com aquele
sorrisão no rosto -enfim verdadeiro- e agradecendo que o próximo natal está bem longe. Tomara que ninguém morra antes disso.